Caros Leitores,
para comentários, passo a apresentar o texto da minha amiga e analista Rossana Fernando.
Ela faz uma análise muito crítica relativamente ao papel dos doadores em Moçambique, em particular o G19.
Sem mais, apresento o texto na íntegra.
"Moçambique conta de há uns tempos para cá com um novo partido político: Doadores de Moçambique, ou DM, se os órgãos competentes aceitarem que a sigla não conflitua com a do Diário de Moçambique. Mas por aquilo que nos deu a entender já, o DM vai exigir flexibilidade da lei moçambicana para manter a sua sigla porque lhe dá a necessária paternidade do MDM. O protagonismo político do DM é tão forte e visível que nem essa coisa de Direito Moçambicano ou de Direito internacional respeita quando se trata de defender o seu filho ou enteado se a paternidade que a Renamo Um reclama. A sociedade civil que registava algum crescimento no debate patriótico e inclusivo corre o risco de ser ofuscado pela aliança DM-MDM.
Quem está satisfeito com a ingerência externa já se manifestou na imprensa o MDM através do mano do Daviz, o Lutero Simango, indicado, não eleito, como se diz por ai, membro da Comissão Política do MDM, pouco antes da realização da sessão do partido da sua família, pelo menos assim disse o Jornal Zambeze. Mas ele confirmava o que ja era conhecido: seu irmão quando fundou o partido fez a sua primeira digressão não pelas províncias mas pela Europa para apropriar-se das bases que outrora tinham sido da Renamo e pedir autorização para resgatar as células partidárias da Renamo nas embaixadas em Moçambique. Quem esteve em Chiúre com Daviz Simango para a abertura da sua campanha eleitoral no dia 13 de Setembro de 2009? Julian Mpiri, do Movement for Democratic Change, de Morgan Tsivangirai, do Zimbabwe, MDC, não será outro filho do MD? As siglas não são aparências por isso não iludem nem são coincidências inócuas!
Importa salientar que para reforçar a veia familiar, o Lutero foi indicado coordenador da Bancada do MDM. A isso não está alheio o fato do MDM poder formar bancada e o irmão mais velho do Presidente ter acesso as regalias que a Assembleia da Republica confere aos chefes da bancada, nomeadamente: mercede benz protocolar, motorista, ajudante de campo, residência, subsidio de representação, etc.
Muito antes da AR se iniciar o DM já exigia que o Governo se comprometesse a mudar o regimento .... da AR!!! Mas o DM não parou por ai: disse que era preciso o governo instruir a AR a rever a lei eleitoral, coisa que foi sempre feita pela AR, desde as primeiras eleições multipartidárias: recordou-os o Presidente Guebuza quando conferiu posse aos deputados. Repetiu-o a Presidente da Assembleia da Republica Verónica Macamo.
Ha mais coisas interessantes: alguns membros do DM foram incontestáveis simpatizantes da Renamo antes de formarem o seu MD e antes de Dhlakama ser metido na garrafa pela Mutiyana de Nampula. Hoje vemos que alguns membros do MDM também foram membros da Renamo antes de o DM dar parto ao MDM. São metamorfoses interessantes, ou não são?
Quando ouvi falar dos encontros entre MD e o Governo lembrei-me das cimeiras Chissano-Dhlakama do ano 2000. Ontem como hoje a mensagem era a mesma: o povo que votou não sabe nada, enganou-se. Nos podemos re-arrumar tudo aqui nesta sala.
Alguns dos que integram o DM nem sequer atingiram estatuto de embaixador, outros estão na sua primeira missão em Moçambique, outros estão lá por solidariedade porque em cafés não parecem partilhar do que DM defende. Quanto tempo levou os EUA para apagar o infame Denis Jet? Quanto tempo levara agora a aparar a imagem do Tod Chapman? Quanto tempo a Finlandia vai precisar mudar a imagem que o seu Embaixador criou ao liderar o DM?
O DM, mostrando a sua veia paternalista em relação ao MDM, entrou em rota de colisão com o grupo de embaixadores que defendiam que as eleições foram justas, livres e transparente. Essa colisão foi mais visível aquando da publicação do relatório da missão dos observadores da União Europeia. Os observadores foram obrigados a refazer o relatório inicial para poder acomodar as pretensões do DM.
Estamos gratos pelo apoio que os parceiros, e não o DM, nos prestam. Continuem a ir em massa para a Beira para as sessões de solidaridade e de concertação entre DM e MDM e ate levem para la os vossos dignatarios. Isso não é problema. Mas para nos ficou a lição de que afinal podem-nos humilhar em publico e violarem tudo o que o que são regras de relacionamento entre Estados e nome dessa aliança DM-MDM.
Nós eleitoras e leitores Moçambicanos recordamos que o DM não tem direito a voto, votam os Moçambicanos e o MDM não deve brincar com aqueles como nós que ainda defendemos que o voto é secreto. Pena que as nossas obrigações da vida não nos permitam estar no grande Maputo para falar mais alto, pena que aqui onde as comunicações e o desenvolvimento ainda têm grandes desafios, esta mensagem de partidos ofuscados por DM´s não chegue a tempo de se fazer a justiça do voto no momento oportuno. Mas saibam que estando nós em Nhamatanda ou Gorongosa, em Ruanda ou na Mongólia, estamos atentos." Rossana Fernando
Nampula com mais casos de contenciosos e ilícitos eleitorais
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A província de Nampula foi a que mais casos de contenciosos e ilícitos
eleitorais registou, durante o dia da votação de 9 de Outubro, com 56
processos. ...
Há 5 semanas