domingo, 31 de janeiro de 2010

Cabo Verde: Caso de sucesso na luta pela emancipação feminina

Este texto vai em homenagem as nossas mulheres bloggers, em especial a Nyikiwa, Ximbitane e Zenaida.

Cabo Verde onde as mulheres ocupam 8 das 15 pastas governamentais, a par da Espanha e Finlândia, tem um governo onde elas são a maioria.

Este é um caso de sucesso na luta pela emancipação feminina e em função dos CVs que passarei a apresentar, nota-se claramente que elas ascenderam em função de competências individuais e não para preencher “supostas quotas” atribuídas as mulheres.

A semelhança das Mulheres Moçambicanas, as mulheres de Cabo Verde continuam a conquistar lugares importantes que anteriormente lhes eram inacessíveis.

Recordo-me que em Moçambique, até 1997, só havia uma mulher que tivesse assumido o cargo de Administrador de Distrito; e até 2005 nenhuma mulher tinha ocupado o prestigioso cargo de Governador Provincial.
Felizmente, Moçambique tem, neste momento, uma mulher a Presidir a Assembleia da Republica, oito Ministras, três Governadoras Provinciais e várias Administradoras Distritais.



A seguir, passo a apresentar o CV das ministras Cabo-Verdianas.

1. JANIRA HOPFFER ALMADA
31 anos é Ministra da Presidência do Conselho de Ministros e dos Assuntos Parlamentares.
Fica a um pequeno passo do recorde de Ministro mais jovem de sempre, quando chega ao governo com apenas 29 anos. Mas já fora batida, por apenas alguns meses, pelo seu próprio pai que tutelou a pasta de comunicação social de 1975 a 1990.
Ligada a juventude do PAICV desde muito cedo, Janira é licenciada em Direito pela Universidade de Coimbra.

2. CRISTINA FONTES
51 anos é Ministra da Reforma do Estado e da Defesa Nacional. Entra no Governo em 20001, primeiro como a pasta da Administração Interna e depois da Justiça.
Licenciada em Direito pela Universidade de Lisboa, chega a ser assistente do conceituado jurista português Marcelo Rebelo de Sousa, logo após o 25 de Abril.

3. CRISTINA DUARTE
47 anos é Ministra das Finanças.
É o retrato vivo da diáspora cabo-verdiana. Nasceu em Lisboa, mas é em Angola onde fez o ensino primário e viveu até aos 12 anos. Em Cabo Verde vive os tempos de Liceu até voltar a Portugal para se licenciar pelo Instituto Superior de Economia. Nos anos 90 vai para o EUA tirar um mestrado em Gestão de Empresas e outro em Gestão Internacional.

4. MARISA MORAIS
45 anos é Ministra da Justiça, colega do Nero.
Parte para Portugal com seis anos, onde fez os seus estudos, licenciando-se em Direito na Universidade de Coimbra.

5. FÁTIMA FIALHO
58 anos é Ministra da Economia, Crescimento e Competitividade.
Muito activa politicamente, faz parte do grupo que criou a Organização da Mulher Cabo-Verdiana. É uma acérrima defensora do PAICV.
Licenciada em Economia pela Universidade de Lisboa, antes de chegar a Ministra foi quadro sénior do Banco de Cabo Verde e mais tarde Directora Comercial da Companhia Aérea TACV. Igualmente passa pelo jornalismo, onde foi directora do jornal voz do povo.

6. SARA LOPES
40 anos é Ministra da Descentralização, Habitação e Ordenamento do Território.
Em Cabo Verde faz o Bacharelato em História e mais tarde tira o curso de Técnico de Aeronáutica na Escola do Aeroporto de Lisboa. Ainda vive em Portugal tempo suficiente para se licenciar em Ciências de Educação, antes de regressar para se dedicar a leccionar história, aos mesmo tempo que trabalha como operacional no Aeroporto de Sal.

7. VERA DUARTE
57 anos é Ministra da Educação e do Ensino Superior.
Foi a primeira mulher a aceder a magistratura em Cabo Verde. Juíza desembargadora, chega ao governo em Junho de 2008. Vera é escritora de reconhecido mérito.

8. MADALENA NEVES
53 anos é Ministra do Trabalho, Formação Profissional e Solidariedade Social.
Licenciada em Economia na União Soviética, entrou para o governo para assumir a pasta do Ambiente e da Agricultura. Também é poeta

Fonte: RevistaUnica do Jornal Expresso de Portugal, 9 de Janeiro de 2010

11 comentários:

Egidio Vaz disse...

As mulheres em Moçambique estão também a dirigir este país, pese em número diminuto. Porém, não deixa de ser notório os cargos de direcção que ocupam. Abraços e estamos juntos.

Anónimo disse...

De grao a grao dizem que a galinha enche o papo. Tudo e um processo! Acredito que daqui a mais um tempo a visibilidade das mulheres nas mais diversas esferas da Sociedade sera mais notoria. Contudo, apesar dos progressos alcancados, ainda ha muito a fazer...

Obrigada por ser uma das pessoas visada na sua dedicatoria, Nuno!


Cptos,

Nyiki.

Nunoamorim disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Nunoamorim disse...

Egidio e Nyiki,
bem vindos ao meu espaço.

O que me deixa verdadeiramente satisfeito é o facto delas atingirem esses postos como resultado, unica e exclusivamente, das competencias que elas mostraram nos diversos ramos em que estiveram anteriormente envolvidas.

Por exemplo, Luisa Diogo chegou ao posto de primeiro ministro depois de ter passado pelo Banco Mundial, chefia de departamento no Ministério das Finanças, Vice Ministra e posteriormente Ministra das Finanças. Portanto, não é alguem que caiu de paraquedas so para preencher quotas.

Veronica Macamo, jurista de reconhecido mérito, foi vice Presidente da Assembleia da República durante 2 legislaturas. Acredito que ninguém estava melhor preparado para substituir o Eduardo Mulembwé.

Nuno

Anónimo disse...

From Chire

Nuno,

abordas aqui um assunto deveras interessante.

De facto Cabo Verde e um caso para estudo. Nao so para os PALOP mas para toda Africa.

Um pais (praticamente) sem recurso nenhum, tem um dos melhores Indices de Desenvolvimento humano.

Com politicas sociais realisticas e uma governacao dirigida aos assuntos(simples e praticos) do Pais, o meu amigo Jose Maria Neves nao so mudou a face do Pais como recuperou o PAIGC.

E isso traz de volta o debate sobre geracoes e mudancas nos partidos.

Jose Maria Neves e um jovem que conheci e com quem convivi, por muito tempo, nos Estados Unidos da America. Na altura ainda estava "sendo preparado" para ser Secretario Geral do PAIGC. Lembro-me que durante muito tempo, andamos pelos corredores do Departamento de Estado Americano juntos. E estava sempre ao lado da nossa amiga Vera Duarte (Jurista). Na altura tambem conheci a Cristina.

Mulheres integras e lindas. E inteligentes...

Vera Duarte antes de chegar a Ministro foi PGR de Cabo Verde, onde desmpenhou um grande trabalho e contribuiu muito para a imagem do pais,no que a defesa de direitos humanos diz respeito.

E verdade que Mocambique tambem ja deu um grande passo a esse respeito.
Temos de reconhecer que entre o governo de 1975 e o de hoje nao ha
comparacao possivel , no que diz respeito ao Gender Balance Issue. Na politica e nao so...

Nuno,

Boa homenagem as nossas manas aqui do FORUM

Basilio Muhate disse...

Nuno

Nao achas que esta salvaguarda do Principio de iguldade e representatividade do genero tem uma base nas permissas estatutarias da Frelimo ? Ou achas que e mesmo cultura de Estado ?

Basilio Muhate disse...

A minha reflexao busca respostas sobre ate que ponto a presenca de mulheres em todas as vertentes do desenvolvimento representa a boa vontade e a consciencia das liderancas politicas, ou trata se apenas de cumprimento de regras estatuidas.
Estao de parabens as mulheres Mocambicana e Cabo-verdiana

Nunoamorim disse...

Caro Basilio,
compreendo a tua reflexão, até porque os estatutos da Frelimo obrigam a comissão politica a definir quotas para assegurar a participação de mulheres e jovens nos órgãos do estado...acredito que seja um dos motivos que fez Moçambique dar um passo gigantesco nesse sentido.

No entanto, não é possivel ter omoletes sem ovos. Não seria possível materializar a tal boa vontade das lideranças politicas, sem que existissem mulheres com formação e qualidade.

Os exemplos de Luisa Diogo e Verónica Macamo assentam como uma luva na mão. Elas não chegaram aos seus postos simplesmente para preencher quotas. LD e VM tinham experiencia, formação e competencias sufucientes para os sectores que foram indicados.

Eu estariam preocupado com esse pressuposto se, do nada, pegassem no N. Amorim e o colocassem Ministro, so para preencher a quota dos jovens.

Não menos importante é o esforço que o governo tem feito no sentido de educar a rapariga. O cenário que tinhamos até a decada de 90 era catastrófico...era raro ver mulheres a irem a escola ou com ambiçoes de se especializarem.
O facto do governo insistir na educação da rapariga e atribuir bolsas de estudos preferencialmente para as raparigas foi decisivo.



Ps. Nos últimos tempos, em Nampula, tenho visto cada vez mais mulheres policias a patrulharem as ruas. Basta dizer que quem dirige a policia na Provincia de Nampula, por sinal a mais populosa do país, é uma mulher.
Quem fala de mulheres policias também fala da Educação. Em Nampula existe um extraordinário numero de professores do sexo feminino. Alias, tal como na policia, quem dirige o sector de educação em Nampula é uma mulher.

aminhavozz disse...

'Give a hoe to a Woman and you will be feeding a nation' - Oferece uma enxada a uma mulher e estaras a alimentar uma nacao...

Nunoamorim disse...

Mais do que serem oferecidas, acredito que elas têm as adquirido por esforço próprio

Anónimo disse...

Ontem houve uma remodelação, mas a equidade do genero manteve-se intacta.

Leonel